1. |
Primavera
03:07
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O sol já doira o teu cabelo
Avermelha as tuas sardas
Perfuma alto da serra
Desenrola o novelo
Das vontades adiadas
Urgentes como o dia que encerra
Quisemos correr fazer parte da terra
Ir em paz sem voltar em guerra
Se a rua ali à espera
Agiganta a Primavera
Esquece o drama
Que o fim da tarde nunca vai ser noite
E em cada peito há um instante que canta liberdade
Só me reconheço em beijos teus
Sabem sempre a hoje os beijos teus
Dás-me um dia inconsciente
Mas devolves-me a noção
Só quando for mesmo importante
Dás-me o futuro que tu chamas de presente
Por seres já concretização
Do que pra mim é tão distante
A liberdade em estar longe e não querer estar perto
Abrir o meu peito teu choque eléctrico
Mas se há gente ali à espera
Pra estragar a Primavera
Ai não descanses
Que o fim da tarde não quer mais ser noite
E em cada cada peito há um instante que canta liberdade
Só me reconheço em beijos teus
Sabem sempre a hoje beijos teus
Agora solta beijos teus
Agora canta liberdade
Só me reconheço em beijos teus,
(liberdade)
Sabem sempre a hoje beijos teus
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2. |
Acácia
02:51
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Saudade bate à porta do quarto
E sai ao nascer do dia
Volta quando o sol se põe
Na sala o medo já solta a guitarrada
E o coração sobe e desce
É só o ar que se vai
Que sede louca te despe a memória?
Que voz te conta metade da história?
O calor aperta sem fumar contra a parede
Acácia em flor que te leva
Ainda corre mas ninguém chegou
E diz o pôr do sol “ele já te esqueceu”
Acordou sem ver o sol e anoiteceu
E passa devagarinho
Junto ao Campo Santana
Se a manhã cheira a champô
Morre o velho, nasce um menino
E os novos passos da dança, amor
Cantando e rindo eu tos dou
Na sala de espera as notícias que a sorte não dá
Pega um chocolate e senta que a morte vem já
A ferida aberta vai sangrar contra o tapete, irmão
O silêncio não me sossega
Não sei lidar com o que ele me ensinou
E diz o pôr do sol
Ele já te esqueceu
Acordou sem ver o sol
E anoiteceu
Pergunta ao pôr do sol
Se ele já te esqueceu
Acordei não vi o sol
E anoiteceu
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3. |
Maio
03:34
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O nosso amor partiu a medo
E em tanto desencontro
Voltou mais sossegado
Aos poucos fomos aprendendo
Teimosos como o touro
No amor desarrumado
Hoje o sol voltou
E no mesmo lugar
Tu sempre aqui ao lado
Dançamos outra vez
Ainda estou apaixonado
Sais no calor do teu momento
Fica a piada tua
A esperar-te às seis da tarde
Tu tens colegas e emprego
Papéis, vida de rua
E a força da bondade nunca te enganou
Não vais planear
Que se a dúvida dá certo
O certo sai furado
Se estamos bem, ‘tá bom
Já lá vem a luz de Maio
Hoje o sol voltou
Hoje o sol voltou
Sem amor para estear
Porque a festa da flores
Não soube a quase nada
Sem dizer teu nome
Saudade não acaba
Se hoje o sol voltou
O encanto a quebrar
Mil cheiros no ar
E a chuva no molhado
Mas ficámos os dois
E a sonhar já se fez Maio
Não soube a quase nada
Sem dizer teu nome
Saudade não acaba
Se hoje o sol voltou
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4. |
Domingo
02:49
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A casa cheia à meia noite
E tu doente outra vez
Tanta pergunta não solta embaraço
Sussurras um desabafo
E enquanto faço o café tropeças
Em tanto beijo e abraço
Hoje a ansiedade não te deu nem uma hora
Descansa agora ninguém nota se vais
A festa é de quem grita mais
Domingo o tédio trouxe a paz também
Deu-te um silêncio para ser voz de alguém
Moleza e juras de amor
Enquanto o fogo não acorda
E a febre não acalma
Teu vai e vem
Embala bem
Se o chá do dia sem penas
Te afasta do espelho
E o céu cinzento não estorva o programa
Eu para aqui sem problemas
A achar que tenho enfim
São só pedaços de lama
Para te embalar
A minha história era pouca
Juntei pimenta até prender a tua boca
E agora não me afasto mais
Domingo o tédio trouxe a paz também
Deu-te um silêncio até ser voz de alguém
Moleza e juras de amor
Enquanto o fogo não acorda
E a febre não acaba
Teu vai e vem
Embala bem
A casa cheia à meia noite e tu doente outra vez
Tanta pergunta não solta embaraço
Sussurras um desabafo e enquanto faço o café depois
Tropeças em tanto beijo e abraço
Domingo o tédio trouxe a paz também
Deu-te um silêncio até ser voz de alguém
Moleza e juras de amor
Enquanto o fogo não acorda
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5. |
Joãozinho
03:26
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Perdeu as asas nesse bando
E foi voar à solta
O cãozinho a meio da sesta acordou
Até lavar o nosso pranto
Cantou a boa nova
E agora vai vivendo sem pressa
Se falhar não é perder
É só um pretexto para recomeçar
E a regra vai quebrar até mudar a norma
Rio turvo a nascer
Não fujas desse teu particular
Que a resposta ‘tá lá ao fundo na foz
Uh se não há um tempo certo
Para crescer e ficar esperto
Cada qual o seu
Não faz mal cair ter medo
Vá não chores em segredo
Se não choro também eu
Deixa lá, João
Se a mudar voltou ao mesmo
E o dia soube a uma lembrança
A mudança a um regresso
E o regresso a uma mudança
Perdoa esse gente tão chata
E a vida boa sem ter anjo da guarda
Um dia vai bater
E sem ligar ao que eles vão achar
O mistério ali à espreita ainda sabe a pouco
Rio turvo a correr
E o que à nascente te quis separar
Foi só pra te entregar lá no fundo da foz
Quem te quis doirar a história
Em conquistas e vitória
Quanto te escondeu?
Pra te ver fuçar na escola
Ser macho e jogar à bola
Mas se isso aborreceu
Deixa lá, João
E vive sem pressa
Deixa lá, João
Que há coisas neste mundo que se encantam só para ti
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6. |
Rapaz
02:49
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Meu amigo, o calendário
Trouxe-me a mesma miragem
E um santinho para a sorte
Esperei teu aniversário
E a rescrever mensagens
Lá passou da meia noite
Se a meio dos pesadelos
Os passos na escada
Parecem dentro de casa
Ai que medo
Só te disse olá
Mas tudo o que eu maios sentia
Agora escrevo
Ei, rapaz, que saudades
Andar por aí, aprender a fumar
E a tocar bandolim, imitar-te as vaidades
Nos precipícios sem medo do amor
Família e os amigos
Sem esperanças vão à guerra
Se pateta é ter um sonho
Vão rir dos males antigos
Que o futuro desta terra
Já só pode ser medonho
Preguiça trouxe preguiça
Justiça sem sentença
E o barulho pra calar
A descrença
Passa o dia na cama
À espera que uma luz
Desça ao meu pijama
Ei, rapaz, que saudades
Quis saber de ti
Vamos lá passear
Andar por aí
Diz-me lá como fazes
Se não tens vícios nem medo do amor
Só te disse olá
Teus olhos, minha prisão
Ai fico tenso
Ei, rapaz, que saudades
Andar por aí, aprender a fumar
E a tocar bandolim, imitar-te as vaidades
Tenho saudades do teu…
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7. |
Última Canção
03:08
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Galo do eterno agora
Passa da hora
Sai dessa prisão
Não esperes sentado
Enganos de puto
Para as pedras que tens na mão
Se assim te não quero
Sou-te sincero
Dei um rumo à desilusão
Preguei-me ao pouco que valho
E quer seja ou não profissão
É meu
Não é por gostar
Que é contradição abrir mão
Se o vento mudar no frio do Inverno
Vou respirar e abraçar a escuridão
Se achar que desta ainda não é
A última canção
Amassei o barro, livrei-me do fardo
De ser estranho aos olhos dos meus
Lições são enganos cantados
Dez anos sem dizer adeus
E canto se hora ainda é agora
Fecho os olhos pra não me ver
E adio a má sorte de querer separar
O que é prazer e dever
Se é minha riqueza não ter patrão
Não vou mentir
A vida assim não é dura, não
Se o vento mudar no frio do Inverno
Podes voar, vivo sem a tua mão
Volto pra trás
Talvez a cantar, amor
A última canção
Podes voar, vivo sem a tua mão
Achei que desta ainda não é
A última canção
A última canção
A última canção
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8. |
Cheguei Bem
04:25
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Manhã, corro se o autocarro vem lá
Vou mal vestido e sem comer
Mais cinco horas sentado
Não sei com que cara lhe vou aparecer
Andei a esperar pela a tua visita
E que desta não tenhas pressa
Essa cara fica mais bonita
Depois de uma boa conversa
Esta vida não dá para mim
Mas já estou bem melhor
Terra linda tão verde
Cheguei de noite
E amanhã vou embora
Cheguei bem mas já vou embora
Cheguei bem e até voltar
Parto pronto a chegar
E só vou dormir quando os pássaros cantam
Estação sem nada de novo
Alguém ao que der e vier
Árvore à espera de fogo
E além teu carro começa a aparecer
Olho rosado cai-me no goto
Tás fumado assim, ai quem me dera
Dá-me mais lucidez de minhoto
E eu já não volto pra minha terra
Esta vida não dá para mim
Mas já estou bem melhor
Terra linda tão verde
Cheguei de noite
E amanhã vou embora
Cheguei bem mas já vou embora
Cheguei bem e até voltar
Parto pronto a chegar
E só vou dormir quando os pássaros cantam
Sopra o vento
Traz geada
Salta o pó nesta encruzilhada
Acelera, é sábado à noite
Olhas nos olhos esqueces a estrada
Foi tangente, não passa nada
Sempre em frente que o dia acaba
Felicidade em cada encontro
Depois vou embora
Cheguei bem mas já vou embora
Cheguei pronto a ficar
Mas volto a partir quando os pássaros cantam
(Casa)
(…)
O quente e frio não arrepia
E dá motivo à viagem
Se é do dia o que só peço à noite
O prazer da solidão
A flor de estufa virou bicho do mato
Na pronúncia só ficou o abstrato
A renúncia e a ambição
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9. |
Quem Me Espera
02:01
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Se a resposta vem com o tempo
E a Primavera já não passa do chão
É teimosia se ainda te lembro
Ou se te esqueço pra lembrar o Verão
Noite que há-de ser sempre escura
Mas a seguir vem o nascer do dia
E traz surpresas dessa tua loucura
Purga para espantar a monotonia
Minha água fria
Não me vens buscar
Ai que escura é a noite
Se ainda demoras
Ah, quem me leva?
Não te vai chegar
Ai que dura é a noite
Se te fores embora
Ah, quem me espera?
Tu estás melhor
Eu é que não
Quão egoísta eu sou?
Tudo tem razão de ser
Achei que era meu
E um dia não chegou
E é sempre escura a noite
Engano as horas lá sentado à tua espera
Sai do meu lugar
Que eu já vou pra longe
Tu foste embora
Ah quem me espera?
Ah quem me espera?
Ah quem me espera?
Se a resposta vem com o tempo
E a Primavera já não passa do chão
É teimosia se ainda te lembro
Ou se te esqueço para lembrar o Verão
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Luís Severo
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